A arqueologia tem como objectivo a identificação, documentação e interpretação sistemática dos vestígios materiais produzidos pela presença humana num determinado espaço e ao longo do tempo. Ao conjunto destes vestígios chama-se o registo arqueológico, que é a chave que nos permite reconstruir os modos de vida das sociedades do passado.
No âmbito do PramCV, interessa-nos conhecer os vestígios materiais provocados pelas comunidades camponesas alto-medievais, conservados até hoje no território de Castelo de Vide. Para isso,
organizámos os trabalhos a desenvolver em quatro pilares de investigação complementários que apresentaremos em seguida.
Um SIG (Sistema de Informação Geográfica) é um conjunto de ferramentas informáticas desenhadas para capturar, armazenar, manipular, analisar e apresentar dados espaciais ou geográficos.
Praticamente desde o início do desenvolvimento deste tipo de programas que foi claro o seu potencial na investigação arqueológica, já que muita da informação que os nossos trabalhos produzem tem uma forte componente espacial.
No âmbito do PramCV, o trabalho com SIG vai-nos permitir gerir a informação obtida nos trabalhos de campo e compreender aspectos fundamentais sobre os vestígios identificados durante as prospecções permitindo, ao mesmo tempo, planificar estes trabalhos de uma forma mais eficiente.
Através do projecto SIG será possível elaborar mapas de distribuição dos diferentes restos arqueológicos e a sua análise junto com a informação geológica, agrícola, geológica, hidrográfica, orográfica, etc. que nos ajude a interpretar a relação entre os espaços habitacionais, produtivos associados e áreas funerárias, explicando que zonas foram utilizadas no período alto-medieval e porque é que foram escolhidas.
E porquê? Porque no fundo trata-se de um processo intrinsecamente destrutivo. Quando iniciamos a escavação de, por exemplo, a ruína de uma casa alto-medieval, os níveis de terra que removemos (que designamos por unidades estratigráficas) não poderão ser escavados novamente. Um sítio arqueológico só pode ser escavado uma vez, por isso é necessário documentar e analisar exaustivamente todo o processo de escavação. Será esta informação que nos permitirá entender como, quando e porquê se destruiu ou abandonou o sítio arqueológico, bem como de que forma se subterrou e chegou, mais ou menos conservado, aos nossos dias. É este aspecto da prática arqueológica que levou Phillip Barker a defini-la como “uma experiência irrepetível”. No sentido figurado e literal. Os arqueólogos têm que ter sempre presente este aspecto do seu trabalho de forma a garantirem o máximo de rigor e cuidado na prática arqueológica.